16 de maio de 2010

Do!

do

Como vos havia prometido aqui fica o meu comentário crítico a um dos livros que trouxe da Feira do Livro de Bolonha:

Do!, publicação vencedora do Bologna Ragazzi Award 2010 na categoria de novos horizontes, deve a sua singularidade à opção cromática adoptada, branco sobre ocre, em associação com o seu (quase) infinito potencial narrativo. Este livro foi produzido manualmente pelo uso do processo serigráfico de impressão a branco sobre papel kraft reciclado, recriando, por via da cor, uma arte rural tradicional da comunidade Warli da Índia ocidental. Originalmente, em dias festivos, as paredes das casas desta comunidade eram cobertas com lama e decoradas com tinta branca, gravando momentos especiais da aldeia ou apenas cenas da vida quotidiana. Os desenhos desta tribo têm como base de construção figuras simples, como o triângulo ou o círculo, a partir dos quais tudo se representa de forma dinâmica e em constante movimento. Em Do! encontramos páginas repletas destes desenhos acompanhados por uma única palavra, um verbo (ou dois), por página dupla, que simulam os afazeres característicos de uma vida rural em comunidade. A utilização desta abordagem visual, que se assemelha a uma escrita pictográfica, oferece-nos, muitas vezes, páginas que em tudo se parecem com complexas e precisas rendas providas de uma beleza refinada, apresentando uma narrativa copiosa em detalhes que clama ser saboreada em profundidade. Com este livro (como refere o texto da contracapa), e de forma bem divertida, a criança pode aprender os verbos, descobrir as histórias que cada página encerra, falar e aprender sobre a vida na aldeia, assim como brincar desenhando, numa tentativa de replicar o estilo Warli, agora contando as suas próprias histórias.

Gabriela Sotto Mayor para a Casa da Leitura.

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